Chefe do TCP é morto na Maré; Linha Amarela e escolas fechados
Quando Edmilson Marques de Oliveira, líder do Terceiro Comando Puro foi abatido numa Operação policial no Complexo da Maré, a Polícia Civil do Rio de Janeiro acabou fechando a Linha Amarela, suspendendo aulas nas escolas próximas e interrompendo o atendimento nas unidades de saúde da região. A ação, ocorrida na manhã de sexta‑feira, 26 de setembro de 2025, foi desencadeada por inteligência que alertou sobre um movimento suspeito do TCP que planejava invadir territórios do Comando Vermelho. Enquanto os policiais avançavam, traficantes erigiram barricadas com veículos roubados – entre eles, um caminhão compactor da Comlurb – e lançaram granadas, obrigando o esquadrão antibombas a intervir.
Contexto de rivalidade entre facções
O Complexo da Maré, formado por 16 favelas na Zona Norte, tem sido um palco de disputa entre o Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho há décadas. Historicamente, o TCP controla a distribuição de drogas em áreas como Timbal e São Miguel, enquanto o CV mantém influência em regiões vizinhas, como a Penha. Essa divisão de território gera confrontos frequentes, que costumam escalar quando uma das facções tenta ampliar seu domínio. A inteligência policial, monitorada desde março de 2025, apontava para um aumento nas comunicações internas do TCP indicando uma ofensiva contra o CV.
Detalhes da operação e o uso de armamento pesado
Na hora marcada, cerca de quatro helicópteros da Polícia Militar sobrevoaram o Complexo, enquanto um blindado da Polícia Civil avançava pelas ruas de Maré. Trocas de tiro foram registradas a partir das 10h, com dezenas de disparos em ambos os lados. Os traficantes, além das barricadas de caminhões de carga, caminhões de mudança e um carro de passeio, armaram duas granadas: uma foi arremessada perto da entrada do bairro Timbal, outra caiu na pista da Linha Amarela, provocando a evacuação imediata da via.
O esquadrão antibombas chegou em menos de dez minutos, desativando os explosivos sem vítimas. Segundo o relatório da Polícia Civil, foram apreendidos cinco rifles automáticos, oito pistolas e mais de 30 cápsulas de munição. Dois suspeitos foram detidos ainda no local e encaminhados à Delegacia de Polícia de Maré para cumprimento de mandados de prisão.
Impacto imediato na mobilidade e nos serviços públicos
Com a Linha Amarela interditada, milhares de cariocas que utilizam o corredor para chegar ao Aeroporto Galeão ou ao Centro da cidade ficaram presos em engarrafamentos. O DETRAN atendeu centenas de reclamações nas horas seguintes, enquanto o órgão de trânsito enviou equipes de apoio para desviar o tráfego por vias alternativas, como a Avenida Brasil.
Nas proximidades, as escolas da Rede Municipal – como a Escola Estadual de Maré e a Escola de Educação Infantil Maré da Luz – foram fechadas até novo parecer das autoridades. Já nas unidades de saúde, a Unidade Básica de Saúde da Penha e o Posto de Atendimento de Saúde da Maré suspendiam atendimentos de urgência, redirecionando pacientes para hospitais da Zona Norte.
Reações das autoridades e da comunidade
O superintendente da Polícia Civil, Capitão‑Comandante Rodrigo Santos, classificou as ações dos traficantes como "atos terroristas", enfatizando que o uso de explosivos contra infraestrutura civil representa uma ameaça à ordem pública. Em entrevista ao Record R7, Santos informou que a operação foi "emergencial" e que novas operações de inteligência continuarão focadas em desarticular redes de comando do TCP.
Moradores da Maré, porém, viveram momentos de pânico. "Ele (Edmilson) comandava tudo, mas também fazia coisa ruim demais. Até uma partida de cartas acabou em tiro", relatou Maria Lúcia, residente de Timbal. Segundo o G1, o falecido acumulava 222 anotações criminais e possuía três mandados de prisão em aberto.
Possíveis desdobramentos e luta pelo poder
A morte de um chefe do TCP pode gerar uma "vacância" dentro da facção, provocando disputas internas entre subcomandantes. Analistas de segurança, como a criminóloga Ana Paula Ribeiro, alertam que o vácuo de liderança costuma gerar aumento de homicídios nas semanas que seguem. "É comum ver retaliações e ferozes confrontos quando um líder é eliminado sem uma sucessão clara", explicou Ribeiro, citando casos semelhantes ocorridos em 2017 no Complexo do Jacarezinho.
O governo estadual já sinalizou que reforçará o policiamento comunitário nas áreas de risco e que novas operações de inteligência serão intensificadas. A Secretaria de Segurança Pública planeja integrar dados de fotografia aérea, escutas telefônicas e denúncias da população para mapear os próximos passos das facções.
O que esperar nos próximos dias
Nos próximos dias, a Polícia Civil deve divulgar os resultados das investigações que levaram à prisão dos dois suspeitos, bem como identificar quem assumirá o comando do TCP em Maré. Enquanto isso, a população aguarda a reabertura da Linha Amarela, a retomada das aulas e a normalização dos serviços de saúde. A expectativa é de que as autoridades mantenham presença ostensiva nas ruas, a fim de evitar novas explosões ou barricadas que comprometam a mobilidade urbana.
Perguntas Frequentes
Como a morte de Edmilson Marques de Oliveira pode afetar a segurança em Maré?
Com a eliminação de um dos líderes mais temidos do TCP, pode surgir uma disputa interna por poder, o que costuma aumentar a violência nas ruas. Especialistas apontam que homicídios e confrontos entre subcomandantes tendem a subir nas semanas seguintes, enquanto facções rivais, como o Comando Vermelho, podem tentar ocupar territórios vagos.
Por que a Linha Amarela foi fechada durante a operação?
Granadas lançadas pelos traficantes atingiram a pista, obrigando o bombeiro e o esquadrão antibombas a isolarem a via para garantir que nenhum civil fosse atingido. Além disso, o tiroteio intenso entre polícia e membros do TCP criou risco de cruzamento de disparos, o que justificou o bloqueio temporário.
Quantas pessoas foram presas na operação e quais foram as acusações?
Dois suspeitos foram detidos no momento, ambos com mandados de prisão por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Eles permanecem sob custódia da Polícia Civil e deverão responder por tentativa de homicídio e uso de explosivo contra infraestrutura pública.
Qual foi o papel da Comlurb na barricada usada pelos criminosos?
Um caminhão compactador da Comlurb foi roubado e utilizado como obstáculo nas ruas do Complexo da Maré. O veículo foi recuperado pela polícia após a operação, mas seu uso evidencia o grau de planejamento e violência dos traficantes.
O que as autoridades pretendem fazer para evitar novos incidentes?
O governo estadual anunciou reforço ao policiamento comunitário, ampliação da inteligência eletrônica e maior integração entre as polícias Militar e Civil. Também estão previstas ações de inclusão social nas favelas para reduzir a adesão ao crime organizado.
Bianca Alves
outubro 22, 2025 AT 19:43Realmente, a complexidade da situação na Maré vai muito além das manchetes sensacionalistas. O fechamento da Linha Amarela evidencia o peso que as facções exercem sobre a mobilidade urbana, algo que poucos jornalistas ousam analisar em profundidade. É crucial que a população reflita sobre as consequências de viver sob constante tensão, ao mesmo tempo em que demandamos políticas públicas eficientes. 🚦🌆
Bruna costa
outubro 30, 2025 AT 07:25É muito triste ver como a população perde o acesso a serviços básicos como escolas e unidades de saúde por causa desses conflitos. A gente tem que apoiar as famílias que ficaram desamparadas e cobrar das autoridades uma solução rápida.
Carlos Eduardo
novembro 6, 2025 AT 20:08Quando a fumaça das balas se mistura ao cheiro de gasolina dos caminhões blindados, o drama da Maré atinge seu ápice. A operação parece mais um espetáculo de guerra do que um ato de lei e ordem. Ainda assim, precisamos encarar a realidade sem perder a humanidade.
EVLYN OLIVIA
novembro 14, 2025 AT 08:50Ah, mais um capítulo da tragicomédia que chamamos de segurança pública. Claro, o "terrorismo" dos traficantes é sempre o mesmo discurso pronto para justificar um excesso de força. Mas quem realmente tem a intenção de controlar a cidade? Será a polícia, ou os interesses ocultos que se alimentam do caos?
Talvez a própria mídia, ao perpetuar a narrativa de "bandeira vermelha", esteja conspirando contra a paz. Enquanto tanto, a população paga o preço, preso entre duas facções que disputam o mesmo pedaço de terra.
E ainda dizem que tudo isso é inevitável. Como se a história fosse escrita por mãos invisíveis que desejam apenas observar a destruição.
Mas a verdade, meus caros, é que cada explosão, cada cerco, cada escola fechada, é um sintoma de um organismo doente. E quem prescreve o remédio?
O Estado, com suas promessas vazias, ou o próprio povo que decide não mais aceitar o medo como norma?
E se a solução não for mais polícia, mas sim investimento real em educação e saúde? Onde está o medo então?
Talvez o medo seja a ferramenta dos poderosos para manter o controle. Quando você tem medo, não questiona, não protesta.
E enquanto isso, um comandante do TCP cai, e o vácuo de poder nasce. Outro ciclo de violência se inicia, como se fosse a lei da natureza.
Mas não nos deixemos enganar: a violência não é natural, é construída. Construída por políticas que favorecem o lucro das armas e do medo.
E cada granada lançada contra a Linha Amarela é um grito silencioso de quem não pode mais ser ouvido.
Não é coincidência que as escolas fechem quando o tiroteio começa. É o próprio Estado que prefere silenciar a geração futura a dar-lhe esperança.
Então, antes de apontar o dedo para os traficantes, talvez devêssemos olhar no espelho e perguntar: o que estamos permitindo que continue?
O silêncio complica ainda mais. A falta de ação concreta alimenta a desesperança.
Enfim, a Maré segue como um palco onde todos, de alguma forma, atuam. Basta escolher que papel queremos desempenhar.
joao pedro cardoso
novembro 21, 2025 AT 21:32Na prática, o fechamento da Linha Amarela impacta diretamente milhares de trabalhadores que dependem do transporte público para chegar ao Aeroporto Galeão ou ao centro. Além disso, a interrupção nas escolas e unidades de saúde gera um efeito bola de neve nas famílias da região.
Os números de apreensões de armas e munições são alarmantes, mas sem um plano de ação sustentável, isso não muda nada.
Precisamos de políticas de prevenção que vão além da força bruta.
É uma questão de prioridade governamental e de vontade política.
Murilo Deza
novembro 29, 2025 AT 10:15Operação, filme de ação, polícia, helicópteros, blindado, explosões, tudo muito bem planejado, mas onde está a solução permanente??
É, parece que a gente só vê notícia, depois esquece, depois outra vez, né??
Enfim, esperamos que as autoridades façam algo, não só falar.
Ricardo Sá de Abreu
dezembro 6, 2025 AT 22:57Olha só, a Maré virou palco de um verdadeiro duelo de titãs, onde cada explosão ecoa nos corações dos moradores. A cidade, como um organismo, sente cada ferida, e a esperança se refaz nas pequenas ações de quem ainda acredita na mudança. Vamos torcer pra que as luzes da Linha Amarela voltem a brilhar, e que as crianças possam voltar às aulas com sorrisos ao invés de medo.
gerlane vieira
dezembro 14, 2025 AT 11:39Mais um dia de caos na Maré.