Deputado Júnior Mano é expulso do PL após apoiar candidato do PT e vira aposta de Cid Gomes ao Senado

Deputado Júnior Mano é expulso do PL após apoiar candidato do PT e vira aposta de Cid Gomes ao Senado
9 julho 2025 0 Comentários Ana Beatriz Fontes

Júnior Mano rompe com Bolsonarismo e é expulso do PL

Pouca gente esperava ver um deputado federal expulso do próprio partido depois de já ter votado no ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas foi justamente esse o roteiro de Júnior Mano, ex-Liberal (PL), que virou alvo tanto da ala bolsonarista quanto de uma investigação da Polícia Federal. A turbulência política veio logo após o segundo turno das eleições municipais em Fortaleza, quando Mano, indo contra a orientação de seu partido, decidiu apoiar abertamente Leitão, candidato do PT à prefeitura.

O apoio de Mano foi mais que um simples voto; ele foi figura central na mobilização de eventos em prol de Leitão, o que pegou muito mal entre membros influentes do PL. Isso provocou um efeito cascata dentro da legenda, escancarando disputas internas e a força da corrente bolsonarista. Leitão saiu vencedor, derrotando Fernandes, nome indicado pelo bolsonarismo, com 50,38% dos votos válidos.

A pressão foi tanta que o conselho de ética do partido não hesitou: em outubro de 2023, a expulsão de Júnior Mano foi oficializada, marcando mais um capítulo do racha entre bolsonaristas e parlamentares considerados "infiéis". Mano, sem rodeios, se pronunciou publicamente, afirmando que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, só tomou essa decisão porque foi pressionado diretamente por Bolsonaro. Aos olhos do ex-deputado do PL, o partido não tolera sequer pequenas divergências e isso, para ele, é perseguição política pura e simples.

Investigação da PF, nova casa e aposta no Senado

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Júnior Mano já estava sob os holofotes da Polícia Federal quando rompeu de vez com os antigos aliados. Pra piorar, opositores usaram a investigação como combustível para intensificar a campanha pela sua expulsão. Mesmo assim, ele não ficou sem partido por muito tempo. Logo após deixar o PL, se filiou ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), ganhando o apoio de figuras de peso, como o ex-ministro e atual líder do PSB, Cid Gomes.

Dessa aliança nasceu uma nova meta política: disputar uma vaga no Senado, agora como nome forte do PSB cearense. Por trás desse movimento, está a articulação tradicional dos Ferreira Gomes, família que comanda há décadas o xadrez político no Ceará. O apoio de Cid foi rápido, numa tentativa de reafirmar espaço para o grupo diante da ofensiva bolsonarista no estado.

Vale lembrar que, apesar de ter votado em Bolsonaro em 2022, Mano não hesitou em criticar a postura interna do PL, afirmando que o partido se resume a uma linha única de pensamento e pune de forma dura quem arrisca discordar. De acordo com fontes próximas, bastou o apoio público ao candidato do PT para que setores do partido passassem a tratá-lo como traidor, sem qualquer abertura para diálogo.

O caso escancara como os grandes partidos seguem profundamente marcados por disputas internas, impulsionadas pelo confronto entre bolsonaristas e setores da esquerda, e mostram como alianças pessoais e regionais ainda podem definir o rumo de políticos ganhando projeção nacional. Com a filiação ao PSB e o aval dos Gomes, Júnior Mano quer provar que um novo caminho é possível, mesmo com uma investigação federal no retrovisor.