Guarabira imuniza 9.491 animais em campanha antirrábica da Paraíba

Quando Guarabira entrou na rota da vacinação antirrábica entre 22 e 27 de setembro de 2025, mais de 9 mil bichos foram imunizados, reforçando a barreira contra a raiva em toda a região. A ação foi coordenada pela Secretaria Municipal de Saúde e fez parte da campanha estadual liderada pela Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES). O objetivo? Blindar cães, gatos e, indiretamente, a população humana contra um vírus que ainda causa mortes no país.

Contexto da vacinação antirrábica na Paraíba

A Paraíba tem investido em campanhas anuais contra a raiva desde que o último caso humano foi registrado em 2020, em Riacho dos Cavalos. Segundo o Assis Azevedo, chefe da Área Técnica do Núcleo de Controle de Zoonoses da SES, a meta para 2025 era vacinar 820.532 animais em 223 municípios, mobilizando cerca de 1.600 profissionais.

Essa mobilização gigantesca tem raízes em um histórico de surtos que, embora raros, deixaram marcas na memória coletiva. Em 2015, um felino de Jacaraú transmitiu a variante 3 da raiva, proveniente de morcegos hematófagos. O aprendizado desses episódios impulsionou a adoção de estratégias mais agressivas, como o "Dia D" de vacinação, que concentra recursos e unidades de saúde em um único dia de maior esforço.

Detalhes da campanha em Guarabira

O Campanha de vacinação antirrábica em GuarabiraGuarabira começou nas comunidades rurais. No dia 22, equipes levaram a vacina a Tananduba de Baixo, Tananduba de Cima, Tananduba – Posto, Passassunga, Riacho Fundo, Palmeira da Serra, Escrivão e Sapucaia.

No dia 23, a briga contra a raiva avançou para Passagem, Cipoal, Alto Grande, Caboclo, Itamatay, Torrões, Engenho Palmeira, Mata Limpa e Quati. Cada comunidade recebeu um cronograma que garantia que nenhum dono de pet ficasse de fora.

O ponto alto foi o "Dia D" de 27 de setembro, quando todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Guarabira abriram suas portas das 8h às 17h. A estratégia de "portas abertas" aumentou a participação da população, que trouxe animais de bairro a bairro, gerando fila na rua, mas também sorrisos aliviados.

Participação das equipes e apoio estadual

Foram mobilizados aproximadamente 35 profissionais da Secretaria Municipal de Saúde, incluindo veterinários, agentes de saúde e motoristas. O coordenador da ação, o enfermeiro Marcos Silva, comentou: "Não é só injetar vacina, é conversar, educar o dono, registrar o animal. Cada registro ajuda a mapear áreas de risco."

Ao mesmo tempo, a Gerência Executiva de Vigilância em Saúde da SES disponibilizou mais de 600 postos de vacinação em todo o estado. Em João Pessoa, por exemplo, o serviço incluiu testes rápidos de leishmaniose e cadastro para castração, ampliando o escopo da saúde animal.

Em Campina Grande, a ação se concentrou na Praça da Avenida Juscelino Kubitschek, com unidades itinerantes que atenderam cerca de 1.200 animais.

Resultados e metas alcançadas

No total, 9.491 animais foram imunizados em Guarabira: 6.039 cães e 3.452 gatos. Esse número representa cerca de 1,16% da meta estadual, mas demonstra que, mesmo em cidades de porte médio, a campanha pode ter impacto significativo.

• Taxa de cobertura em áreas rurais de Guarabira: 92% dos animais cadastrados.
• Redução de relatos de mordidas suspeitas em 2025 comparado a 2024: 57%.
• Participação feminina dos profissionais de saúde: 58%.

Comparando com o ano passado, quando Guarabira registrou apenas 4.782 animais vacinados, o avanço é notável. A estratégia de levar a vacinação até as comunidades afastadas, ao invés de esperar que os donos compareçam às UBS, parece ter sido a chave.

Impacto na saúde pública

A raiva ainda é considerada uma zoonose fatal; sem tratamento, a taxa de mortalidade chega a 100%. Ao imunizar animais domésticos, a cadeia de transmissão é interrompida, diminuindo o risco de casos humanos. O Ministério da Saúde estima que a vacinação de 80% dos cães e gatos reduz a incidência de casos humanos em até 95%.

Os últimos casos de raiva humana na Paraíba (2015 em Jacaraú e 2020 em Riacho dos Cavalos) servem de alerta. Ambos envolveram animais silvestres, mas a presença de animais domésticos vacinados na região ajudou a conter a propagação do vírus para vizinhos não expostos.

Próximos passos e desafios

Apesar do sucesso, ainda há desafios. A cobertura em áreas urbanas periféricas continua abaixo de 75%, aponta o relatório da SES. Também há a necessidade de melhorar o cadastro de animais, que ainda depende de anotações manuais.

Para 2026, a SES pretende integrar um sistema digital de registro, possibilitando o acompanhamento em tempo real das vacinação. Além disso, pretende ampliar as ações conjuntas com ONGs locais, que podem ajudar na captura de animais abandonados que ainda circulam sem vacinação.

O especialista em saúde pública, Dr. Lúcia Ferreira, da Universidade Federal da Paraíba, ressalta: "A vacinação é a primeira linha de defesa, mas precisamos de educação continuada para que proprietários entendam a importância de manter a carteira de vacinação dos seus pets em dia."