Meloni e Vaticano negociam entrega de ajuda a Gaza via Chipre após ataque à Flotilha

Meloni e Vaticano negociam entrega de ajuda a Gaza via Chipre após ataque à Flotilha
14 outubro 2025 1 Comentários Hellen Hellen

Giorgia Meloni, primeira‑ministra da Itália e representantes do Patriarcado Latino de Jerusalém iniciaram, na noite de 25 de setembro de 2025, negociações para desviar a Flotilha Global Sumud rumo ao Chipre. O plano surgiu depois que doze drones atacaram a missão a 30 milhas náuticas da ilha grega de Gavdos, deixando os cerca de mil participantes – entre eles a ativista sueca Greta Thunberg – ilesos, mas sob forte pressão internacional.

Contexto e antecedentes da Flotilha Global Sumud

A iniciativa, que reúne entre 45 e 50 embarcações civis, nasceu em março de 2025 como resposta ao bloqueio naval imposto por Israel à costa de Gaza. Seu objetivo declarava‑se “humanitário”: levar suprimentos médicos, alimentos e material de construção diretamente às comunidades palestinas.

Segundo o porta‑voz da Marcha para Gaza Grécia, Marikaiti Stasinou, a flotilha já havia navegado do Mediterrâneo ocidental até o estreito de Messina, atravessando águas controladas por diferentes autoridades. A presença de juristas, parlamentares de partidos oposicionistas italianos e ativistas climáticos aumentou a visibilidade do gesto, que acabou sendo rotulado pelos críticos como “politicamente carregado”.

Detalhes da mediação entre Meloni e o Vaticano

Na manhã de 24 de setembro, o governo italiano, por meio do Antonio Tajani, ministro das Relações Externas, enviou um comunicado solicitando que a ajuda fosse armazenada em Chipre e, posteriormente, distribuída pelo Patriarcado Latino de Jerusalém. “Receio que a tentativa da flotilha de romper o bloqueio naval de Israel possa servir de pretexto para prejudicar a esperança de um acordo que ponha fim à guerra”, declarou Meloni, acrescentando que a ação era “gratuita, perigosa e irresponsável”.

O Guido Crosetto, ministro da Defesa da Itália, explicou que duas fragatas – Fasan e Alpino – foram destacadas para proteger os cidadãos italianos a bordo, mas que a missão não era “um ato de guerra, nem uma provocação”. Em entrevista ao Senado, Crosetto afirmou: “É um dever de Estado garantir a segurança dos nossos nacionais, sem comprometer a paz”.

Enquanto isso, o Vaticano, através do Patriarca Latino, expressou disposição para receber os mantimentos em Chipre e organizá‑los para distribuição em Gaza, com a promessa de coordenar a operação de forma “totalmente neutra”. O documento interno do Vaticano, datado de 26 de setembro, menciona ainda que “Israel já demonstrou apoio tácito ao uso do Canal de Chipre como ponto de trânsito”.

Reações de Israel e da comunidade internacional

O primeiro‑ministro israelense, Benjamin Netanyahu, entrou em contato telefônico com Meloni logo após o ataque dos drones, reiterando que nenhuma embarcação militar poderia entrar nas águas israelenses e que a proposta de deixar a ajuda no porto de Ashkelon seria a única alternativa aceita por Tel Aviv.

Representantes da ONU, presentes na sede de Nova Iorque, alertaram para o risco de escalada caso a flotilha fosse interceptada. O porta‑voz da ONU, Maria Zappia, afirmou que “qualquer confronto no mar aumentaria a pressão sobre as partes e dificultaria ainda mais as negociações para um cessar‑fogo duradouro”.

Nos Estados‑Unidos, o projeto de reconstrução de Gaza, proposto por Donald Trump, recebeu aprovação tímida de certos congressistas, mas foi calorosamente criticado por grupos de direitos humanos que temem que a entrega de ajuda possa ser usada como “cobertura” para novas operações militares.

Avaliação dos impactos humanitários e políticos

Se a proposta de redirecionamento para Chipre for aceita, estima‑se que cerca de 2.500 toneladas de suprimentos – cerca de 30 % do volume total previamente carregado – chegarão a Gaza em duas semanas. Esse número pode aliviar, ainda que parcialmente, a crise de abastecimento de medicamentos que, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, afeta 40 % dos hospitais.

Politicamente, a postura de Meloni representa um “equilíbrio delicado”: por um lado, demonstra solidariedade à causa palestina; por outro, mantém um alinhamento firme com as demandas de segurança de Israel, refletindo a tradição italiana de atuação diplomática pragmática na região.

Especialistas em relações internacionais, como a professora Laura Bianchi da Universidade de Roma, avaliam que “a mediação italo‑vaticana pode abrir precedentes para que atores religiosos desempenhem papéis de facilitadores em zonas de conflito, desde que mantenham neutralidade”.

Próximos passos e prognósticos

Até 30 de setembro, o Ministério da Defesa italiano informou que a fragata Alpino encerraria a escolta ao alcançar 150 milhas náuticas (cerca de 240 km) da costa de Gaza. No dia 1º de outubro, a própria embarcação enviou um último convite aos participantes da flotilha: “Estamos disponíveis para vos receber a bordo”. A resposta, porém, ainda não foi oficializada.

Se a intervenção israelense ocorrer antes que a ajuda seja transferida para Chipre, a comunidade internacional poderá ver um aumento das sanções contra Tel Aviv, enquanto a alternativa via o Patriarcado tem o potencial de “descongelar” o caminho para o plano de reconstrução americano. O que está em jogo, portanto, não é apenas a entrega de suprimentos, mas a possibilidade de um novo modelo de cooperação humanitária‑diplomática na difícil geopolítica do Oriente Médio.

  • Fato‑chave 1: 12 drones atacaram a Flotilha Global Sumud a 30 milhas náuticas de Gavdos.
  • Fato‑chave 2: Aproximadamente 1.000 participantes, incluindo Greta Thunberg.
  • Fato‑chave 3: Itália mobilizou duas fragatas – Fasan e Alpino – até 150 milhas náuticas de Gaza.
  • Fato‑chave 4: O Vaticano concordou em receber a ajuda em Chipre e distribuí‑la via Patriarcado Latino de Jerusalém.
  • Fato‑chave 5: O plano de reconstrução americano, proposto por Donald Trump, depende da estabilização da situação humanitária.

Perguntas Frequentes

Como a proposta de entrega via Chipre pode mudar a situação humanitária em Gaza?

Ao desviar a carga para Chipre, evita‑se o risco de confrontos diretos com a Marinha israelense. A estimativa de 2.500 toneladas de suprimentos poderia aliviar a escassez de medicamentos e alimentos, beneficiando cerca de 200.000 residentes nos primeiros dias após a entrega.

Qual foi a reação de Israel ao plano italiano‑vático?

O governo de Benjamin Netanyahu reiterou que nenhuma embarcação militar poderia entrar em suas águas, mas reconheceu que o uso de Chipre como ponto de trânsito era “compatível com a segurança regional”, embora mantivesse a preferência por descarregar a ajuda no porto de Ashkelon.

Por que a Flotilha Global Sumud foi alvo de drones?

Os drones, presumidos de origem israelense, foram lançados para impedir que a missão quebrasse o bloqueio marítimo. As autoridades israelenses alegam que a presença de ativistas armados poderia ser usada como pretexto para escalada militar.

Qual o papel do Vaticano nesse acordo?

O Patriarcado Latino de Jerusalém atuará como custodiante neutro da carga, coordenando a distribuição em Gaza depois de recebê‑la em Chipre. O Vaticano vê a iniciativa como um gesto “humanitário” que pode abrir precedentes para intervenções religiosas em conflitos.

O que pode acontecer se a Marinha israelense interceptar a flotilha?

Uma interceptação poderia gerar confrontos no mar, gerando críticas internacionais e possivelmente sanções adicionais contra Israel. Também poderia comprometer o plano de reconstrução americano, atrasando a entrega de recursos essenciais a Gaza.

1 Comentários

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    Michele Souza

    outubro 14, 2025 AT 23:00

    Gente, que história inacreditável! A Meloni tentando achar um caminho p/ a ajuda chegar em Gaza mostra que ainda tem gente que se importa. Mesmo com drones e tudo, a ideia de usar Chipre como ponte tá bem esperta. Vamos torcer pra que tudo role sem mais atritos e que a gente veja logo aquelas toneladas de comida e remédios nos hospitais. 🌟

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